
Desmistificando o uso de suplementos alimentares, conheça cinco mitos comuns que cercam os diabéticos e como a informação correta pode transformar a gestão da doença
A diabetes afeta cerca de 463 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF). Com o aumento da conscientização sobre a condição, muitos pacientes buscam alternativas que ajudem na rotina de cuidados, incluindo o uso de suplementos alimentares.
Porém, a disseminação de informações incompletas ou incorretas espalhou mitos que dificultam escolhas seguras. Compreender o que realmente faz sentido dentro da suplementação evita riscos, fortalece o cuidado e promove decisões mais conscientes.
Mito 1: Suplementos substituem a medicação
A medicação é parte fundamental do tratamento da diabetes, seja com insulina, seja com medicamentos orais. A ideia de substituir esses recursos por suplementos é equivocada e perigosa. Suplementos podem auxiliar em aspectos nutricionais, mas não possuem o mesmo efeito farmacológico da medicação prescrita.
Ignorar essa diferença pode levar a picos glicêmicos, oscilações descontroladas e complicações sérias. O uso correto dos suplementos só faz sentido quando complementa, e nunca substitui, o tratamento tradicional.
Mito 2: Todos os suplementos são seguros para diabéticos
Nem todos os suplementos são adequados para quem tem diabetes. Alguns contêm substâncias que interferem diretamente nos níveis de glicose, enquanto outros podem interagir com medicamentos utilizados no controle glicêmico.
A segurança depende da composição, da dosagem e do perfil individual do paciente. Produtos ricos em açúcar, xaropes, maltodextrina ou combinações não testadas podem causar efeitos indesejados. Por isso, qualquer introdução de suplemento deve ser acompanhada por um profissional da saúde.
Mito 3: Suplementos causam ganho de açúcar no sangue
Esse mito surge da preocupação com carboidratos escondidos em fórmulas. No entanto, a maioria dos suplementos desenvolvidos para o público geral ou para diabéticos utiliza bases proteicas, fibras ou adoçantes, que não causam elevações significativas na glicose. O que realmente altera índices glicêmicos são produtos com adição de açúcares simples, misturas com maltodextrina ou xaropes. A leitura cuidadosa dos rótulos e a escolha por fórmulas adequadas elimina esse risco.
Mito 4: Suplementos são eficazes mesmo sem dieta equilibrada
A suplementação só funciona dentro de um contexto nutricional adequado. Uma dieta pobre em fibras, rica em açúcares e com baixo aporte de nutrientes reduz drasticamente o impacto positivo dos suplementos.
Eles servem para complementar deficiências e otimizar funções metabólicas, mas não corrigem sozinho hábitos inadequados. Para diabéticos, alimentação equilibrada e suplementação direcionada formam uma combinação que realmente contribui para o controle glicêmico e a saúde geral.
Mito 5: Mais é sempre melhor
O uso excessivo de suplementos pode causar efeitos adversos, sobrecarregar órgãos e até gerar toxicidade. Minerais como magnésio e cromo, muito buscados por diabéticos, exigem doses específicas. Exceder limites seguros não aumenta benefícios e ainda amplia riscos. O excesso de vitaminas lipossolúveis, por exemplo, é especialmente perigoso. A suplementação só deve ser feita com orientação profissional e baseada em avaliações clínicas e laboratoriais.
Conhecimento é poder
Informação correta fortalece a autonomia do paciente e melhora a adesão ao tratamento. Quando mitos são desfeitos, as decisões ficam mais claras, e os resultados clínicos tendem a melhorar.
O que a ciência diz
Diversos estudos demonstram benefícios de nutrientes como ômega-3, vitamina D, magnésio, cromo e fibras solúveis no apoio ao metabolismo da glicose. A ciência mostra que, quando bem indicados, esses compostos podem ajudar na inflamação, na sensibilidade à insulina e na função metabólica. Mas os efeitos variam de pessoa para pessoa e precisam ser acompanhados por profissionais.
Cuidados essenciais
Todo paciente deve informar ao nutricionista ou médico o tipo de medicação utilizada. Interações com antidiabéticos são possíveis e precisam ser avaliadas. Fazer suplementação sem orientação pode mascarar sintomas, alterar exames e comprometer a estabilidade glicêmica.
Nutrientes comprovados que ajudam
O ômega-3 auxilia na saúde cardiovascular. O magnésio atua na função muscular e no metabolismo da insulina. O cromo participa do controle glicêmico. As fibras solúveis auxiliam na resposta pós-prandial. Esses nutrientes têm evidências científicas que justificam seu uso, desde que administrados em doses adequadas.
Combinação é a chave
Suplementos funcionam melhor quando fazem parte de um conjunto de hábitos saudáveis. Atividade física, alimentação equilibrada, hidratação e sono adequado criam um ambiente em que a suplementação realmente contribui para o resultado. Essa integração é o que garante melhora na resposta clínica.
Dosagem e acompanhamento profissional
A dosagem depende de exames, idade, peso, saúde renal, rotina alimentar e medicamentos em uso. Ajustes periódicos são fundamentais. A orientação regular evita erros e garante que os suplementos cumpram seu papel com segurança.
Em um cenário em que a informação circula rápida e nem sempre de forma confiável, esclarecer mitos é uma forma de proteger quem convive com a diabetes.
Quando usados com consciência, avaliação técnica e acompanhamento individualizado, suplementos podem contribuir de maneira segura e eficiente para o bem-estar. Essa combinação estratégica fortalece o cuidado integral e amplia o potencial do uso de suplemento alimentar dentro da rotina dos pacientes.
Por Giovanna Angeli





