
Enquanto outros estabelecimentos projetam vendas menores, gerente comercial do empório Banca do Ramon projeta aumento de 20% na venda de bacalhau do porto.
Passado o Carnaval, o brasileiro já se planeja para a próxima data festiva: a Páscoa, no dia 9 de abril. Com a tradição católica de não comer carne vermelha no período, o consumo de peixes cresce — principalmente do tradicional bacalhau. Para este ano, a expectativa do mercado é positiva.
“Esperamos um aumento de pelo menos 20% nas vendas em relação a 2022”, explica Fábio Gouveia, gerente comercial da Banca do Ramon, tradicional empório do Mercado Municipal de São Paulo. Esta projeção está alinhada à tendência do insumo durante a Semana Santa — o que é confirmado por Francisco Medeiros, presidente-executivo da Peixe BR.
Na contramão do mercado, empórios vendem mais bacalhau
A projeção de Gouveia, no entanto, ressalta o fato de os empórios especializados estarem na contramão de outros estabelecimentos. Com aumento de 120% nas vendas de bacalhau no ano passado, a Banca do Ramon teve desempenho oposto ao nacional.
Segundo Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), 2022 apresentou queda de 20% nas vendas de peixes na Páscoa em relação a 2021.
Isso foi causado pelo aumento nos custos da produção nacional, principalmente da ração e dos combustíveis e à crise econômica do país. “Houve um achatamento do poder de compra e elevação no custo de produção”, explicou. Segundo ele, isso diminuiu a margem de lucro e prejudicou produtores.
Ou seja: estabelecimentos que focam na venda do bacalhau produzido nacionalmente são mais impactados por este aumento de custos. Os tipos mais comercializados são saithe, ling, zarbo e pirarucu — natural da Amazônia e com produção anual de 50 mil kg.
Já os empórios priorizam o bacalhau do porto, pescado nas águas frias do Oceano Atlântico. Ele é considerado o mais nobre devido à sua alimentação, oferecendo carne de maior qualidade.
Segundo Gouveia, houve uma estabilidade nos preços no último ano. “É um produto importado e a precificação depende da pesca da Noruega e da cotação do dólar, que está no mesmo patamar do ano passado”, explica.
Além disso, os clientes dos empórios possuem ticket médio de R$ 250 e costumam adquirir os principais itens que acompanham a tradicional bacalhoada à portuguesa: azeitonas, azeite extra virgem, molho de tomate e vinho branco.
Outro diferencial é explicado por Gouveia: a experiência. “Na loja física, nossos clientes gostam de acompanhar todo o processo de limpeza do bacalhau, assim como degustar o bolinho de bacalhau do restaurante”, conta.
Bacalhau salgado ou dessalgado: qual é o mais vendido?
Com preços entre R$ 94,90 e R$ 379,90, o bacalhau do porto oferecido nos empórios é vendido em duas variedades: seco salgado ou dessalgado. Qual destes é a preferência do cliente? Segundo Gouveia, a primeira opção.
“Além de ser mais saboroso, o bacalhau seco salgado possui textura mais firme e fibrosa. As pontas rendem muito mais, o que oferece ótimo custo benefício”, explica. Desta forma, é possível economizar e preparar porções maiores, apesar dele demandar maior esforço na hora de cozinhar.
Como o preparo do bacalhau pode ser complexo e demorado para alguns, a opção dessalgada costuma ser escolhida por clientes com rotinas mais apertadas ou que ainda não dominaram o preparo do peixe. “Ele é mais rápido, prático e simples de fazer, além de poder ser usado em qualquer receita. Com o menor tempo de hidratação, basta descongelar”, ensina.
Quaresma aquece venda de frutos do mar
Apesar de ser o prato mais tradicional da culinária pascoal, o bacalhau não é o único peixe consumido na data. Na Quarta-Feira de Cinzas, a venda de frutos do mar já começou a registrar aumento. “As pessoas já estão se preparando para a Semana Santa, mas as vendas devem crescer mesmo perto da Páscoa”, explica Cássio Francisco Serra, gerente de uma peixaria no Mercado Municipal de Campinas.
Para ele, no entanto, os preços de peixes nacionais podem sofrer variações para cima devido às condições climáticas. “O mar agitado prejudica a pesca e também impede que barcos menores saiam”, conta.
Por isso, o ideal é pesquisar antes de comprar. Por exemplo, o camarão sete barbas teve aumento de 19% em alguns estabelecimentos. Já o bacalhau cod e o saithe apresentaram, respectivamente, variações para cima de 12,37% e 10,43%.
Com a necessidade de pesquisar preços para economizar, muitos consumidores estão priorizando empórios na hora de fazer a compra. “Os preços estão mais em conta do que nos supermercados”, explica a auxiliar de crédito Joseane Ribeiro Oliveira.
Já o bacalhau do porto apresenta, em alguns estabelecimentos, redução de 4,17% no último ano. “Está saindo bastante e os preços estão praticamente o mesmo”, explica Ademir Resende, gerente de um empório do Mercado Municipal de Campinas.
Ou seja: é necessário pesquisar antes de fazer as compras para a Semana Santa e, assim, escolher os melhores preços — seja nos empórios, mercadões e supermercados tradicionais.
Felipe Maia
Great post.
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Pena que está muito caro 😦
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Gostei de saber um pouco mais sobre o bacalhau.
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Republicou isso em Juju Bela .
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Eu comeria bacalhau o ano inteiro se fosse possível.
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Muito bom saber!
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